Ele falava em
frio e não sabia quanto queimava aquele silêncio típico das noites de julho.
Todos os fogos já pareciam ter explodidos, com exceção daqueles que as crianças ainda soltavam, pois elas teimavam
em não deixar os festejos acabar.
Afinal, criança é assim mesmo;
sente demais, ama demais e não deixa o bom acabar tão rápido, mesmo quando se é
preciso, elas reinventam mundos fantásticos para manter suas fantasias sempre
vivas.
Que criança
lembraria de calçar sandálias, ou se importar com roupa durante uma brincadeira (lembrando
que brincadeira para elas é coisa séria)? Como elas iriam lembrar do
frio, em meio a toda excitação de sentimentos? E quanto tempo o silêncio resistiria?
Inconsequentes, seguem seus sonhos.
Por
hora criam heróis, em outro momento os transformam em bandidos. Algumas vezes
amam, em outras, odeiam (aquela birra passageira, típica delas). E assim seguem vivendo intensamente, cada dia, em seu mundo feito de algodão doce, sempre torcendo para que nada disso acabe.