Fernanda França
Ele falava em frio e não sabia quanto queimava aquele silêncio típico das noites de julho. Todos os fogos já pareciam ter explodidos, com exceção daqueles que as crianças ainda soltavam, pois elas teimavam em não deixar os festejos acabar. 
Afinal, criança é assim mesmo; sente demais, ama demais e não deixa o bom acabar tão rápido, mesmo quando se é preciso, elas reinventam mundos fantásticos para manter suas fantasias sempre vivas.

Que criança lembraria de calçar sandálias, ou se importar com roupa durante uma brincadeira (lembrando que brincadeira para elas é coisa séria)? Como elas iriam lembrar do frio, em meio a toda excitação de sentimentos? E quanto tempo o silêncio resistiria? 
Inconsequentes, seguem seus sonhos. 
Por hora criam heróis, em outro momento os transformam em bandidos. Algumas vezes amam, em outras, odeiam (aquela birra passageira, típica delas). E assim seguem vivendo intensamente, cada dia, em seu mundo feito de algodão doce, sempre torcendo para que nada disso acabe.