Fernanda França

Em um diálogo nada comum, duas almas se esbarram. Uma inicia a conversa querendo saber as histórias da outra.
A outra responde apressada em partir. --Não, Não... Deixa pra lá, já passou.
A primeira insiste em saber mais. -Vieste pela mão do destino ou foi o acaso que te trouxe aqui?
A outra responde envergonhada. -Não, querido. Eu vim nas asas da saudade. O destino nos uniu em outra vida e o acaso não nos quer mais juntos.
Ela continua: -Vim porque a saudade aperta o coração e faz doer, mas já peguei o que precisava, agora eu devo partir, não posso ser pega fugindo dos meus planos. Desculpe essa aparição assim de surpresa. Agora, devo ir.
A primeira nervosa ao ver a outra que já estava à beira de alçar um voo distante, grita: -Não vá!
Ao ver que conseguira reter a outra, esta fala mais tranquilamente. – Não vá. Você já acendeu a chama que me fazia ter suas lembranças no escuro, agora fique mais um pouco. Se vou ter que esquecer tudo novamente, que ao menos eu aproveite um pouco esse momento.
A outra alma sem saber o que sentia, retribui com um sorriso tranqüilo, pensando o quanto os planos são sempre refeitos.
Fernanda França

O que dizer sobre o não dito?
O que explicar sobre o inexplicável?
Quais são as respostas para as perguntas que não são feitas?
Como saber o que não sei?
Sendo assim...
Como essas questões poderiam existir?
A solução não se apresenta e o incômodo da ausência permanece.