Fernanda França

Fazer o curso de Ciências Sociais acaba sendo inevitável que se tenham certos tormentos especiais, que precisemos enfrentar fantasmas. Pois, é praticamente impossível se ver distanciado e anestesiado das leituras, e que elas não nos inquietem a alma. Principalmente, por estarmos trabalhando com nossas mentes, nossa sensibilidade, junto com nossos sentimentos mais profundos, os nossos poderes visionários e imaginativos, ou seja, virtualmente com todo o nosso ser.
Como, por exemplo, as leituras de hoje, da aula sobre Marx, “um mestre de uma prosa apaixonada” como diria Hobsbawn, me deixou, mais uma vez, completamente atormentada com o diluir da vida moderna.
Pois hoje, concordo plenamente com a necessidade de pensarmos a democracia para que se faça como o melhor governo possível, acredito que os direitos individuais devem ser garantidos. Além de um arcabouço de ideias liberais...
Logo eu, que fiz parte da esquerda mais ortodoxa, daquela que por mais que eu faça hemodiálise diariamente, não consigo retirá-la de mim, que penetrou na minha personalidade e que por mais que eu timidamente negue, ela está lá...
Quando eu me imaginaria fazendo críticas a Marx? (por muito menos, muitos foram parar no paredão!). Como posso tentar conciliar o ideário liberal com as ideais comunistas?
Vi-me, hoje, no meio daquele debate, me desmanchando no ar...
Fernanda França

   Há quem goste de chuva em qualquer hora...
No momento, prefiro esperar a chuva passar.
Tive uma vontade imensa de tomar banho de chuva, mas logo se foi.
Melhor esperar a chuva passar.
Desconfio que vá virar tempestade... Mas se virar a culpa é da Fortuna! Aquela a qual existe, mas preferimos seguir nossas vidas sem pensarmos nela. Fazemos nossos planos como se ela não existisse, mas quando menos esperamos, ela se manifesta. E aí... Vira tempestade!
Mas...
Por enquanto, prefiro esperar a chuva passar.
Fernanda França
"Insatisfação crônica"-
 Penelope Cruz em "Vick Cristina Barcelona"

Melhor seria não esperar...
Melhor seria acabar com a espera não esperando...
É estranho sentir falta de algo quando não se estar vazio...
A vida é tão estranha, tão perigosa e imprevisível...
Quanto tempo se pode esperar por algo que não se sabe o que é?
Talvez seja melhor não descobrir.
Estou tão Felizzz...
Por que a insatisfação faz parte da minha natureza?
Bem...
Naturezas foram feitas para serem domadas...
Fernanda França


Quando era criança, sempre que queriam me arrumar namorados, ou especular casamentos, eu sempre dizia que iria ser solteira “igual à tia Maria”. Mas, quem me dera ter um coração auto-suficiente e moderado, ou até mesmo, aqueles que aprendem com as pancadas da vida...
Nada disso. Possuo (ou sou possuída) daquele tipo de coração meio burro, meio teimoso e completamente seqüelado (sei que não se usa mais o trema, mas acho-o charmoso demais para ser banido da minha escrita). Desses, que penso não serem muito raros, que desde o primeiro momento em que experimentam a paixão, enlouquecem e ficam viciados a nunca mais querer viver sem ela. Assim, vivem apaixonados. Não é exagero! (apesar de o exagero ser componente fundamental dos corações apaixonados).
Desde então, em vários momentos perco completamente o controle sobre este coração, e sou levada a fazer coisas das quais jamais imaginaria, e algumas das quais não aprovo. Ele no controle, já se apaixonou diversas vezes, e em algumas a paixão se desfez na mesma velocidade em que se realizou, já teve duas paixões, inventou paixões, seguiu paixões em forma de idéias, já matou paixões e as fez renascer. 
Mas tudo isso não quer dizer nada... Afinal, quantos corações não agem desse jeito? -Todos os inconseqüentes, insistentes em se fazerem vivos e não se deixarem dominados. Talvez por serem assim inconstantes deveriam se fazer solitários. E eu possuindo um coração desse tipo cumpriria minha ilusão infantil. Eu nunca me casaria...
- Não quero me casar, não vou me casar, não gosto nem da idéia... (afirmação de quem conheceu muitos casamentos infelizes).
Mas quem disse que meu coração queria viver só... Sempre adorou companhia...
Quando pensei que já havia o visto fazer de tudo... Ele inventa de viver constantemente apaixonado pela mesma pessoa, ao longo dos anos sem interrupções.
É... Em coração não se manda, se vive.